ESCOLAS PROMOTORAS DA IGUALDADE DE GÊNERO

O Projeto Escola Promotora da Igualdade de Gênero tem como objetivo apoiar as escolas das redes estadual e municipal da Educação Básica do Rio Grande/RS, que tenham interesse em desenvolver ações para a promoção e a reflexão acerca da igualdade e equidade dos gêneros com vistas à construção de estratégias que resultem na redução dos indicadores de desigualdades, ao mesmo tempo, em que busquem dar visibilidade ao tema.

Cabe destacar que esse projeto teve início no ano de 2017 e tornou-se uma ação contínua do Gese, tendo seguimento até os dias atuais. O Projeto Escola Promotora da Igualdade de Gênero se efetiva a partir de uma articulação efetiva entre a universidade, as escolas e as famílias dos/as estudantes que estão vinculadas às instituições escolares. Essa integração possibilita por parte dos/as professores/as, a organização de um trabalho sistemático nas escolas, fazendo, assim, que as questões de gênero e de sexualidade passem a ser compreendidas como componentes que constituem os currículos da Educação Básica.

As ações sistemáticas e contínuas, junto às escolas que integram o projeto, têm possibilitado a promoção de um trabalho ético e responsável com a igualdade de gênero e os direitos humanos, bem como o debate acerca das questões de gênero e também de sexualidade nos currículos. Com isso, a equipe pedagógica e diretiva, os/as professores/as e os/as funcionários/as, das instituições escolares que integram o projeto, passaram a compreender o compromisso da escola na construção de uma rede de proteção para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Também destacamos que nosso projeto vem propiciando, por intermédio das discussões tecidas sobre os gêneros, uma melhor qualidade de vida no ambiente escolar e na sociedade, não somente para as meninas, mas também para os meninos, uma vez que possibilita que elas e eles possam repensar as posições que ocupam no que diz respeito à cultura, aos sistemas de valores que a sociedade impõem para mulheres e homens.

Esse movimento fez com que algumas escolas integrassem, aos seus Projetos Políticos Pedagógicos, as discussões de gênero e de sexualidade como temas que transversalizam as diferentes modalidades e etapas de ensino. Além disso, esses projetos pedagógicos produzidos pelos/as professores/as que integraram o projeto impulsionaram os debates com os/as estudantes da Educação Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos sobre: feminilidades; masculinidades; LGBTIfobia; preconceito; equidade; sexismo; misoginia; entre outras discussões.

Ainda, o projeto criou novas possibilidades junto à Secretaria de Município da Educação de Rio Grande/RS, a qual incluiu, no Documento Orientador Curricular do Território Rio-Grandino – Volume 1 – Educação Infantil  e no Documento Orientador Curricular do Território Rio-Grandino – Volume 2 – Ensino Fundamental, no tópico “Garantia de Direitos - Diversidade e Valorização da Vida”, as discussões de gênero e de sexualidade na Educação Básica, ambos organizados pelo coletivo de professores/as e pesquisadores/as que integram o Gese.  

O referido projeto então vem se constituindo como um movimento de resistência, uma possibilidade de “criar possíveis”, como nos aponta Marlucy Paraíso (2018), nas escolas de Educação Básica do município Rio Grande/RS/Brasil. Assim, promover as discussões de gênero e de sexualidade, no espaço da escola, em tempos como os de hoje, em que há um cerceamento/controle dessas discussões, “é um ato de revolta e resistência. Revolta contra os fluxos instituídos, resistência às políticas impostas.” (GALLO, 2002, p. 173).

 

REFERÊNCIAS: 

GALLO, Silvio. Em torno de uma educação menor. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 27, n. 2, p. 169- 178, jul./dez. 2002.

PARAISO, Marlucy Alves. Gênero, sexualidade e heterotopia: entre esgotamentos e possibilidades nos currículos. In: RIBEIRO, Paula Regina Costa et al. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: resistência e ocupa(ações) nos espaços de educação. Rio Grande: Ed. da FURG, 2018.  p. 7-28.